_Em Janeiro de 2020 tive a felicidade de ser acolhida mais uma vez por essa casa onde tive minha formação artística, o Atelier Piratinga – ateliê coletivo fundado em 1993 na cidade de São Paulo, por um grupo de jovens artistas independentes, e ativo até hoje. Marcado pela característica generosa da coletividade – no sentido mais inteiro da palavra, – durante 2 meses o ateliê abriu as portas de seu espaço para a cidade, para uso livre da comunidade.

Inúmeras obras nasceram e ficaram impregnadas da potência desse encontro e estiveram expostas no ateliê.

 

Convidei o artista Eduardo Ver para a experiência de transformar um de seus personagens em um boneco para manipulação. Ele me trouxe essa máscara, impressa com perfeição pela sua filha, e retalhos de estampas que ele tinha guardado. Em um trabalho minucioso de observação e descoberta, transferi a imagem para uma base de papel maché que, aos poucos, revelou a tridimensionalidade que a figura plana trazia, codificada na sua trama rica. Com os retalhos, confeccionei o corpo, leve e aberto, como me pareceu que cabia a uma figura tão forte e misteriosa. Na abertura da exposição, tive a oportunidade de manipular o banzo entre artistas e visitantes e observar como podia ser profunda a relação que ele despertava.